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terça-feira, 15 de novembro de 2011

História do bairro de Vila Isabel

Como tudo começou em Vila Isabel

A terra onde o atual bairro de Vila Isabel localiza-se, pertencia à Companhia de Jesus desde 1565, ano da fundação da cidade do Rio de janeiro. Eles estabeleceram lá uma plantação de cana-de-açúcar, a Fazenda de Macaco, e a arrendaram a imigrantes portugueses. Depois da proibição da ordem em 1759, a Coroa Portuguesa confiscou os bens dos jesuítas e entre outras coisas a Fazenda de Macaco, que ficou abandonada até a proclamação de Independência do Brasil, em 1822, passando a pertencer ao Império Brasileiro.



Por ser um adorador da natureza, D. Pedro I passa a visitá-la regularmente.



Após a morte de sua esposa Dona Leopoldina em 1826, D. Pedro I casa-se novamente em 1829, dando a fazenda para sua nova esposa, Amélia de Beauharnais. Em 1831 o imperador teve que renunciar ao trono por motivos políticos, abdicando em favor de seu filho Dom PedroII.


D.Pedro I exila-se em Portugal, vindo a falecer em 1834. Sua viúva, a Imperatriz Amélia I do Brasil, Duquesa de Bragança, que tinha só 22 anos, nesse momento, herda a Fazenda dos Macacos. Somente com a retificação do Rio Joana, em 1870 é que o interesse volta-se novamente para a fazenda. A partir daí, devido ao crescente estímulo de ocupação da área, é feito um levantamento cartográfico, que indica a Rua do Macaco, atual 28 de Setembro, como via principal de acesso à fazenda.

Em 1871, João Batista Viana Drummond, empresário progressista, ao perceber que estava diante de uma área com potencial de desenvolvimento comercial solicita à Corte a instalação de uma linha carril ligando a Fazenda dos Macacos ao centro da cidade.


Em 1872, a Duquesa vende a fazenda para João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond, titulo ganho em 1888. Um ano após, falece em Portugal.

Em novembro de 1873, a Companhia Arquitetônica, já fundada no Rio de Janeiro, obteve os direitos de propriedade transferidos por Drummond, a fim de possibilitar a urbanização da área, decidindo que o novo bairro ostentaria uma aparência moderna como à de Paris.

Vila Isabel torna-se o primeiro bairro planejado da cidade do Rio de Janeiro. Bittencourt da Silva fez o levantamento do terreno e elaborou a planta do loteamento “Villa Izabel” - em homenagem à Princesa Isabel -, com 13 ruas projetadas, uma grande avenida arborizada, o “Boulevard” 28 de Setembro (aproveitando o antigo Caminho do Macaco), e uma praça central, a Sete de Março (atual Barão de Drummond).

Vinte e Oite de Setembro 1843

Entre 1873 e 1875, a Companhia Ferro-Carril de Vila Isabel estendeu as linhas de bonde para Vila Isabel, inicialmente de tração animal.
Em 1884 três linhas da companhia ligavam três bairros. Para identificar a linha certa elas usavam tabuletas iluminadas com cores específicas:
linha Engenho Novo, encarnado; linha de Andaraí azul e linha de Vila Isabel verde.


Esse sistema de laternas coloridas facilitava a vida da grande parcela analfabeta da população e também evitava acidentes noturnos.Os bondes tinham várias paradas. O ponto mais importante era o Ponto de 100 Réis na atual Praça Maracanã . Tinha esse nome porque, quando o bonde chegava a este ponto o cobrador gritava - "Ponto de passagens de 100 réis." Depois as pessoas tinham que comprar uma outra passagem. Em 1889 a Companha Ferro-Carril de Vila Isabel foi comprada pelo banco da república por causa de problemas financeiros. Em 1909, foi inaugurada a Estação de Bondes de Vila Isabel, já com tração elétrica.

Drummond gostava muito de animais, possuindo diversos espécimes. Tinha autorização para importá-los e criou o primeiro Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, em Vila Isabel, em 1888.
Colocava em uma gaiola coberta por um pano, um animal (bichos de porte pequeno) e dependurava no alto do portão do jardim zoológico. Eram feitas as apostas para descobrir qual o animal, parte do dinheiro arrecadado era revertido para a compra de mais animais para o zoológico e a outra para o apostador.

Com a Proclamação da República pelo marechal Deodoro da Fonseca em ( 15 de Novembro de 1889), o Jardim Zoológico perdeu a ajuda financeira que tinha do Imperador, e elaborou uma Loteria para financiá-lo, onde cada número representava um animal, e cada ingresso do Zoológico dava direito a um bilhete numerado, para concorrer no sorteio do "bicho" do dia no encerramento das atividades do parque.


Esse jogo ficou popularmente conhecido como "Jogo do Bicho", vindo a ser posteriormente proibido, porém ganhou as ruas do Rio de Janeiro, se popularizou e se espalhou pelo Brasile existe até hoje, mesmo como contravenção.O bairro ainda contava com os Clubes Vila Isabel F.C. (1912), Confiança Atlético Clube (1915) e, mais tarde, a atual Associação Atlética Vila Isabel (1950). Na primeira metade do século XX, foram erguidos a Igreja N. S. de Lourdes (entre 1919 e 1943), o Convento da Ajuda (1920) e a Igreja de Santo Antonio de Lisboa (1902), no alto do morro de mesmo nome, a 71 metros de altitude.


Vila Isabel abrigou uma das fábricas mais antigas da Cidade, a Companhia de Fiação e Tecidos Confiança, desativada em 1964. Hoje, o prédio remanescente do conjunto fabril - onde está instalado o Supermercado Boulevard - e casas da vila operária no seu entorno fazem parte de Área de Proteção do Ambiente Cultural municipal.

O bairro, cantado em sambas famosos em todo o Brasil, teve entre seus ilustres moradores Noel Rosa – o grande compositor profundamente identificado com o espírito e o charme de Vila Isabel -, João de Barro e Orestes Barbosa. Outra referência importante é Martinho da Vila, cuja história se confunde com a da tradicional Escola de Samba Unidos de Vila Isabel.
Lá em Vila Isabel

Bairro acolhedor, situado na Zona Norte do Rio de Janeiro, entre Tijuca, Andaraí e Grajaú. Vila Isabel se destaca pelo sua escola de samba e por sua vida boêmia.

Vila Isabel é conhecida por sua Escola de samba e por seus compositores, em especial, Noel Rosa, Martinho da Vila e agora, Martinália.


Iniciando na década de 20, a Vila ainda guarda o encanto da boemia carioca. Ao longo da Av. Vinte e Oito de Setembro e ruas paralelas, muitos bares abrem suas portas, expondo mesas sobre as calçadas musicais. Um belo convite para uma cerveja gelada.


Calçadas Musicais





O projeto de fazer as calçadas musicais do Boulevard 28 de Setembro, em pedras portuguesas brancas e pretas, desde o Largo do Maracanã até a Praça Barão de Drummond, e decorá-las com notas musicais da MPB, surgiu nas festas do 4° Centenário da Cidade do Rio de Janeiro, em 1964.
A idéia foi do arquiteto Orlando Magdalena, membro do Lions Club de Vila Isabel, que após a aprovação do projeto pelo então Governador do Estado da Guanabara, Carlos Lacerda, foi procurar o Almirante para pedir que ele fizesse a escolha dos compositores.
Vinte letras de músicas foram reproduzidas. Para ouvi-las basta clicar sobre o nome, são elas:


Cidade Maravilhosa” (André Filho), no largo do Maracanã;
Abre Alas” (Chiquinha Gonzaga), literalmente abrindo a Boulevard 28 de Setembro; e, ao longo da Boulevard, foram gravados nas calçadas violões e cavaquinhos;
Pelo Telefone” (Donga e Mano de Almeida);
“Mal-me-quer” (Cristóvão Alencar, Armando Reis e Newton Ferreira);
Feitiço da Vila” (Noel Rosa e Vadico);
“Ave Maria” (Erotildes Campos e Jonas Neves);
Aquarela do Brasil” (Ary Barroso);
Jura” (Sinhô);
Carinhoso” (Pixinguinha e João de Barro);
Linda Flor” (Henrique Vogeler e Luís Peixoto);
“A conquista do ar” (Eduardo das Neves);
Luar do Sertão” (Catulo da Paixão Cearense e João Pernambuco);
Chão de estrelas” (Orestes Barbosa e Sílvio Caldas);
“Linda Morena” (Lamartine Babo);
A voz do violão” (Francisco Alves e Horácio Campos); “Na Pavuna” (Homero Dornelas e Almirante);
Primavera do Rio” (João de Barro);
Apanhei-te cavaquinho”, (Ernesto Nazareth); e “Florisbela”, (Nássara e Frazão).